sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A indústria da beleza


Para alcançar o padrão de beleza imposto pela mídia, o mercado disponibiliza diversos recursos. Produtos cosméticos, clínicas especializadas, procedimentos cirúrgicos, salões de beleza, academias e espaços na mídia ilustram o universo criado para atender a eterna busca pela perfeição. Não importa o sexo ou a classe social, sempre há uma solução sob medida, para atender a demanda cada vez mais crescente.
Essa indústria movimenta bilhões de dólares anualmente. O Brasil em 2009, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), teve uma receita de R$ 24,9 bilhões.  No mesmo ano, pesquisa do Ibope apontou o  País como o segundo no ranking mundial das cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos. São mais de 1,7 mil procedimentos realizados por dia.
São investimentos elevados que ainda podem causar danos à saúde.  Alguns consumidores que tentam alcançar esse padrão, muitas vezes inatingível, pagam um preço muito alto. Fatores como reações alérgicas, rejeições, erros médicos, automedicação, abusos de exercícios físicos e má alimentação, vitimam inúmeras pessoas todo ano, causando danos permanentes à saúde, sequelas físicas e em alguns casos até a morte.
Outro fator importante são os traumas que podem ser adquiridos por alguns consumidores. Transtorno obsessivo compulsivo e outros distúrbios emocionais aumentam as estatísticas das vítimas dessa prática. Situação muito comum em pessoas que vivem a eterna briga contra a balança, combatendo o ‘efeito sanfona’ ou ainda nas que desenvolvem o quadro de anorexia, que atinge cerca de 20% dos adolescentes.
A frustração das pessoas gera um ciclo vicioso que alimenta o mercado. Nessa busca frenética pela perfeição, as pessoas nunca estão satisfeitas. Há sempre algo a ser melhorado, modelado, evidenciado ou ocultado. E essa rotina que hoje atinge tanto as mulheres quanto os homens, mantem um crescimento médio anual de 10 a 15% desse mercado e faz com que o espelho reflita principalmente o sorriso dessa indústria.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Big Brother mobile: nem tão seguro, nem tão privado


No auge da tecnologia da globalização e da inclusão digital, a humanidade vive um momento único de integração. A internet mostrou ao que veio, sobretudo ao ser estendida aos, indispensáveis, smartphones. A Net, como é carinhosamente conhecida, aliada com as redes sociais, aos recursos integrados de bate-papo e principalmente ao geomapeamento ‘googlelitico’, coloca as pessoas em todos os lugares, mesmo quando elas não desejam estar em lugar algum.
Atualmente, o convívio social das pessoas, em grande parte, é norteado em interações virtuais. E mesmo quando são interpessoais, mais cedo ou mais tarde, elas caem na rede. Um bom exemplo disso é atribuído aos usuários do Iphone, pois ao tirar uma foto ou gravar um vídeo, o aparelho diz com precisão a localização geográfica de onde aquela produção aconteceu, e ainda, com a possibilidade de publicar em seguida nas redes sociais.
Outros bons exemplos são serviços como o Buscar, da Apple, o Latitude, da empresa Google, e outros tantos existentes no mercado, que tem por finalidade dar a exata localização dos passos dados pelos smartphones. Esses por sua vez transitam no dia a dia entre os bolsos, as mãos e as mesas de seus usuários, atentos e sempre prontos para o que der e vier. Ao toque da menor necessidade eles, depois um ou dois cliques, estão aptos para informar onde está o restaurante, a farmácia, o posto de gasolina e até a conexão wireless mais próxima de seu fiel escudeiro.
Para se ter uma ideia, somente a Google mantém os serviços como o Google Earth, o Google Maps, o Google Street View, além do Latitude, tudo em nome da interatividade. Isso demonstra que localização global é coisa séria, que exige investimento de bilhões de dólares, e que no mínimo, trata-se de um investimento muito rentável.
Mas o que está por traz disso tudo? As pessoas, pois nada disso se justificaria se não fossem os pobres mortais, que têm na internet, um novo formato de interação e de preservação da espécie. Afinal viver nos dias de hoje já não é algo tão seguro, elas estão sempre sujeitas a assaltos, colisões, congestionamentos, poluição, contaminação, naufrágio, queda de avião. Enfim, o uso adequado da rede pode evitar a ocorrência de uma lista enorme de violências.
Tantos investimentos e recursos aplicados, para que os usuários tenham acessos gratuitos a esses serviços, parece ser mesmo uma grande loucura dessas empresas, já que com apenas alguns cliques e uma permissão, elas ganham a nítida sensação de segurança, se analisado pela ótica das possibilidades. Mas a grande questão no momento é: quanto vale a sua privacidade? Um Clique?

O que comprar no meio de tanta tecnologia?


Há alguns dias, uma amiga me trouxe um dilema cada vez mais comum aos brasileiros na hora de comprar um computador. Com tanta tecnologia disponível, e com dinheiro contado no bolso, a tarefa de decidir entre um computador, notebook, netbook, ou tablet, torna essa, uma escolha difícil.
O principal fator para se chegar a essa resposta é responder a duas perguntas básicas. Qual a finalidade desse computador e quais recursos serão necessários? Se mobilidade for mais importante, o netbook ou o tablet pode ser uma boa solução. No entanto, se houver necessidade de se reproduzir uma mídia de CD, DVD ou Blu-Ray, ou ainda, de fazer impressões de  documentos, o notebook será o mais indicado.
Porém, se a mobilidade não é o mais importante, e, se for para uso comum da família, o computador se torna uma boa escolha. Mas fique antenado, pois empresa como a Hewlett-Packard (HP), líder de venda dos famosos PCs, já anuncia a possibilidade de deixar esse mercado. Esse mesmo caminho foi percorrido pela IBM, há seis anos atrás. Isso pode ser um anúncio à morte do PC.
Mas se o usuário precisar de um computador para atividades corriqueiras, sobretudo, navegação na internet, a escolha ficará entre os netbooks e os tablets. Nesse caso, vale observar que a Asustec, quinta no ranking mundial de fabricantes de computadores, já lançou a nova tendência do momento, um tablete que acoplado a um teclado, assume a funcionalidade de um netbook.
A boa notícia, em meio à dificuldade da escolha, é que a diversidade, a disponibilidade e flexibilidade de configurações, a concorrência entre fabricantes e a baixa do dólar, propiciam a aquisição de uma, ou outra tecnologia, uma vez que o custo entre elas é relativamente baixo. Bem, amiga em questão, é professora, e embora estivesse inclinada a comprar um Ipad, acabou comprando um notebook, após responder as perguntas sugeridas. Boa compra!

Fiz não sinhô!


Antigamente, os valores passados de pai para filho, sobretudo, nos seios das famílias mais humildes permeavam as trincheiras da honra, da educação e principalmente da verdade. Na família de Joãozinho não foi diferente.
Filho de dona Maroca, mãe tenra, mas, dura quando necessário, e do Velho Tião, homem honesto, pai de 12 filhos cultivados entre a lida da roça nos 30 anos dedicados à família e aos excessos de copos de aguardentes, que diminuíam os agouros do sertão baiano.
Aos 15 anos, para ajudar os seus pais, Joãozinho vive sua primeira ruptura. Depois de se sentar a frente do ônibus, com lágrimas encharcando os seus olhos, via cada vez mais turvo, o reflexo de Maroca, Tião e seus 11 irmãos, se distanciar pelo retrovisor do ônibus, no início de sua jornada à Brasília.
Passados 20 anos de labuta, Joãozinho prosperou na capital do País. Os princípios aprendidos com os pais o ajudaram a se tornar um empresário respeitado no ramo da comunicação. Ele mantinha uma empresa com 10 funcionários e frequentemente contratava pessoas para atender projetos específicos.
Certo dia, ao precisar de uma repórter, Joãozinho publica um anúncio no jornal. Ele especifica que a profissional deve ter experiência, no máximo 25 anos e enviar foto anexada ao currículo.
Alguns dias, após contratar a profissional, ele recebe uma intimação da Justiça Trabalhista questionando seu anúncio. Joãozinho, homem ilibado pelos ensinamentos que recebeu dos pais, depois de algumas pesquisas na internet, percebe que incorreu em um erro grave. Naquele instante, passa pela segunda ruptura em sua vida, cometer uma infração legal.
Transtornado com a situação, ele escreve uma longa carta de defesa para a Justiça. Nela, ele reconhece o erro cometido e se desculpa com a juíza por sua ignorância para com as leis e por tão grotesca atitude. Um pouco mais aliviado e até orgulhoso, ao terminar sua retratação, Joãozinho procura um advogado para se informar sobre como encaminhar o documento à Justiça.
No escritório de advocacia, doutor Havelange, profundo conhecedor das leis, lê a carta de Joaozinho e diz não ser a solução mais adequada. Intrigado, ele questiona o motivo e o doutor explica que, ao reconhecer tal erro, ele produzirá provas contra si mesmo.
Naquele instante, para evitar uma condenação, Joãozinho tem sua maior ruptura, faltar com a verdade. Aquele valor tão nobre, herdado de seus pais e cultivado ao longo de sua vida, se torna uma dura realidade.  A verdade nem sempre liberta, às vezes, aprisiona.
E, assim, vimos doutor Havelange transformar tantos Joãozinhos em personagens famosos com dinheiro na cueca, castelos de areia, pizzaiolos do Congresso, verdadeiros homens dos colarinhos brancos. Homens que passam a utilizar a verdade somente mediante a conquista de uma delação premiada.

Brasil (bar)ganha código florestal?


Kleber Luiz

Após tramitar por dois anos na Câmara, o novo Projeto de Lei da Câmara (PLC 30/11), do Código Florestal, de autoria de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), passa pela apreciação de três comissões no Senado. A expectativa é de que os senadores votem o PLC até outubro e a presidenta Dilma Rousseff sancione sem vetos. Embora haja vários pontos polêmicos no Projeto, que causam divergências de opiniões entre os parlamentares.

Com 410 votos favoráveis, 63 contrários e uma abstenção, o texto do PLC aprovado em maio, impôs a primeira derrota de Dilma, ao aprovar posições contrárias às do governo. Dois pontos críticos contribuíram para rachar a base do governo na Câmara: o cultivo em áreas de preservação permanente (APPs), que pode prejudicar os pequenos produtores rurais, e a recomposição de até 50% da reserva legal, obrigatória em propriedades privadas.

De acordo com o novo Código, o plantio agrícola e criação de animais nas APPs, (em áreas de nascentes, margem de rios, encostas de morros, mangues e outras áreas), passam a ser proibidas. Para solucionar o problema, aos produtores que já utilizam essas áreas para plantio, turismo e criação de animais, até julho de 2008, o PLC permite a continuidade do uso dessas áreas.

Em paralelo à discussão do PLC nas comissões de Ciência e Tecnologia (CCT), Constituição e Justiça (CCJ) e Agricultura e Reforma Agrária (CRA), do Senado, organizações não governamentais (ONGs), ambientalistas e ruralistas travam uma verdadeira batalha de disseminação de informação, ou desinformação sobre o Projeto de Lei.

No último dia 15, ocorreu em Brasília o Seminário para Jornalistas sobre o Código Florestal, evento organizado por entidades como Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF, The Nature Conservancy, entre outras. Na ocasião, segundo publicação no sítio da WWF, Carlos Marés, procurador do Estado do Paraná, define o PCL como um “conjunto de regras que permite a intervenção do Estado na propriedade privada da terra”.

No mesmo seminário, ainda de acordo com publicação da WWF, Sérgio Leitão, diretor de campanhas do Greenpeace, sugere que o real motivo de revitalização do PCL é econômico, de interesse de companhias que dominam os mercados agrícolas e de alimentos no mundo. O sítio cita ainda Paulo Adário, diretor de Amazônia da ONG, que afirma “O principal objetivo da reforma do Código Florestal é anistiar quem desmatou ilegalmente”.

Enquanto isso, os parlamentares, opositores de Dilma, justificam o PCL, como uma forma de proteger os pequenos agricultores. Seus aliados por sua vez, sustentam que essa é uma barreira protecionista aos desmatadores ilegais. Para a base do governo é fundamental alterar o texto do Projeto no Senado. Caso contrário, há o risco da Presidente Dilma vetar parcial ou totalmente o projeto. Ou pior, regular o Código Florestal por meio de Medida Provisória (MP).

Érika Kokay defende a saúde pública do DF


Foto: Jossonhir Brito
A deficiência do atendimento e o sucateamento da rede pública de saúde é uma dura realidade que os pacientes do DF enfrentam. Érika Kokay, Deputada Federal pelo PT, presidiu em 2007, ocasião em que era Deputada Distrital, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, Comissão que detectou e denunciou uma série de irregularidades nas unidades de saúde da Secretaria de Estado e Saúde do Distrito Federal.


KLEBER: Como Deputada Distrital, a senhora presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa. Qual foi a realidade encontrada nos Hospitais do DF?
ÉRIKA KOKAY:  Nos hospitais do DF houve um abandono muito grande nos últimos 12 anos e uma entrega de bandeja da saúde pública para a iniciativa privada. O parque tecnológico foi todo destruído e a deficiência de pessoal era gritante. O governo Agnelo está revertendo isso, pois tem chamado muitos concursados. Mas tinha uma deficiência pessoal, um parque tecnológico ultrapassado, sem manutenção, ausência de medicamentos e toda sorte de  negócios suspeitos dentro da saúde. A saúde virou um negócio. E o povo não era considerado. 


KLEBER: Por que a investigação da Saúde do DF ficou sob a competência da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar, e não da Comissão de Educação e Saúde?
ÉRIKA KOKAY: Porque a Saúde é um direito básico da população. Ela é fundamental e está assegurada na nossa Constituição. A nossa condição humana já nos assegura o direito a saúde pois dela depende outros direitos. Se você não tem saúde, não pode exercer a plenitude dos direitos humanos.


KLEBER:  Falta de recursos, aumento de demanda de pacientes, terceirização, problema de gestão, afinal por que a saúde pública no DF não funciona como deveria?
ÉRIKA KOKAY:  O que se viu nos últimos 12 anos, foi uma destruição da saúde de forma muito intensa.  Brasília com o maior orçamento per capita  de saúde do Brasil é o último lugar em cobertura de saúde da família. Tivemos na distribuição da atenção primária, que deveria ser atendida pelos centros de saúde, uma lógica muito hospitalocêntrica, asfixiando os hospitais. Ou seja, a demanda que seria da atenção primária foi absorvida pelos hospitais. Ela ficava reprimida dentro das unidades hospitalares. Então, foi um caos o que vimos nesses últimos 12 anos. Denunciamos isso, encarando como um direito humano e trabalhamos muito, porque no último período do governo Arruda, tivemos uma nítida intenção do governo privatizar e terceirizar colocando o SUS no DF em risco. Acho que não corre mais. Mas é preciso, que lembremos dessa experiência, para que possamos desconstruir todas as tentativas de terceirizar pontualmente a saúde do DF. Não vamos permitir a terceirização de diagnóstico por imagem, de laboratórios, de farmácias e das lavanderias que têm sido tão faladas. Elas são inadmissíveis. Já vivemos uma experiência de terceirização nefasta para a população do DF, a do Hospital de  Santa Maria. E hoje, com a retomada da gestão pelo Estado, vimos em todos os índices, que a experiência de Santa Maria não corresponde ao povo do Distrito Federal.


KLEBER: Quais  as consequências do sucateamento da saúde, como foi chamado, trouxe para os usuários da saúde?


ÉRIKA KOKAY:  O usuário da saúde está sentindo na pele. É um sofrimento muito grande. Eles vão às unidades hospitalares porque não têm atenção primária e muitas vezes, a demanda é de atenção primária. Há determinadas especialidades, que demoram em média, por levantamento do Ministério Público de Contas, mais de um ano  para que eles tenham direito a consulta. O Estado paga muito caro por UTI, porque falta leitos públicos, situaçao que está mudando hoje. Chegamos a pagar R$ 3 mil, por plano privado enquanto o plano de saúde pagava R$ 1.800, por um mesmo leito. Portanto, nisso tudo quem sofre é o usuário. A pessoa é o fim de qualquer política. Quando a gente pensa em qualquer política pública em qualquer atuação do estado em qualquer esfera seja no Ministério Público, seja no Judiciário, no Executivo ou no Legislativo a pessoa é o fim. A pessoa não é um objeto. Os objetos, os instrumentos são os meios de se atingir a pessoa, e assegurar a ela a sua vida plenamente humana. O usuário é o que mais sofre e que mais tem sofrido.


KLEBER:  A senhora, nessas visitas realizadas nos hospitais, constatou que o sucateamento, também se abateu sobre os servidores da saúde. Como a senhora vê esse quadro?

ÉRIKA KOKAY: Foi um desprezo muito grande com os servidores. Acho que não se reconstrói a saúde, sem fazer um pacto democrático com os servidores. Culpar os servidores, como vimos no governo anterior, na época do Geraldo Maciel,  como se todos os problemas da saúde fossem culpa deles, quando não é. São profissionais altamente qualificados e  têm uma vida dedicada a saúde. Foram considerados como coisas e menosprezados, até porque havia uma lógica, de destruir a saúde, para justificar a terceirização. A mesma lógica que aconteceu na Companhia Siderúrgica Nacional(CSN), e nas elétricas privatizadas durante o governo Fernando Henrique Cardoso, onde se destrói o serviço público deliberadamente, para justificar a privatização. Os servidores são os grandes privatizados. São heróis e heroínas porque com tudo isso, conseguiram manter o nível de atendimento, não o que seria necessário para a população, porque saúde não se faz só com atendimento. A diferença no peso do servidor na saúde em relação a educação por exemplo, é  que na educação é óbvio, que se você estiver bem equipado, bem instrumentalizado, você tem uma educação de melhor qualidade. Na saúde por sua vez,  por melhor que seja o profissional, se ele não tem medicamente, insumo e equipamentos para diagnósticos, ele fica com muita dificuldade de atuação. A relação entre profissional e aluno é muito mais determinante na educação que na saúde. Mesmo com tudo isso, os servidores da saúde fazem o inimaginável para atender a população.

KLEBER: Quais são os encaminhamentos dados nos trabalhos da Comissão de Direitos Humanos?
ÉRIKA KOKAY: Nós fizemos uma grande parceria. Fizemos uma rede em defesa da saúde, uma rede dos SUS aqui no DF, onde levamos essa discussão para o Conselho Nacional de Saúde, para o Ministro da Saúde, para o Tribunal de Contas da União, o Tribunal de Contas do DF e a Controladoria Geral da União(CGU). A terceirização do Hospital de Santa Maria por exemplo, foi criminosa,  levamos para o Ministério Público. Enfim, fizemos toda sorte de denúncias, com todos os órgãos de controle. Buscamos organizar e empoderar os servidores e os Conselhos, para que pudéssemos fazer frente a tudo isso.

KLEBER:  Como Deputada Federal a saúde continua sendo uma  prioridade?

ÉRIKA KOKAY:
 Faço parte da Comissão de Direitos Humanos e sou suplente da Comissão de Seguridade Social na Câmara Federal, então a saúde continua sendo uma das prioridades fundamentais, porque ela é um direito básico e tem um orçamento extremamente vultoso. Temos uma relação de transferência de recursos da União para o DF, que é muito significativa. E isso faz com que exijamos uma saúde pública de qualidade.

Érika Kokay, ex-Deputada Distrital, presidiu a
Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
Deputada Federal, titular da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e,
suplente da Comissão de Direitos Humannos da Câmara Federal.

Morrer em nome da verdade


Resenha do filme: A vida de David Gale

Lançado nos EUA, em 2003, o filme A vida de David Gale, embora um fracasso de público no cinema, mantem um público cativo. Ao abordar um tema controverso, o filme traz uma visão crítica da aplicação da pena de morte na sociedade americana. Outro foco interessante é o papel da mídia, de um lado uma ação investigativa que se contrapõe a uma imprensa sensacionalista.

Com o roteiro brilhante de Charles Randolph, autor de Munique (2005) e A intérprete (2010), e a direção de Alan Parker, com dois Óscar (EUA), por Expresso da meia noite (1978) e Mississippi em chamas (1988); três Globos de Ouro (EUA) por Expresso da meia noite (1978), Mississippi em chamas (1988) e Evita (1996); além de prêmios, só poderia tornar A vida de David Gale, mais um grande best seller.

A vida de David Gale, conta a história de David Gale, um advogado, professor e defensor da abolição da pena capital, que junto com sua amiga, Constance Harraway, tenta provar que a pena de morte, aplicada no EUA, mata inocentes. Acusado de estupro e pela morte de Constance, ele é preso e condenado à morte. Três dias antes de sua execução, David conta com a ajuda de uma jornalista, Elizabeth Bloom, para provar a sua inocência.

O filme é estrelado por Kevin Spacey (David Gale) e Laura Linney (Constance Harraway), ambos ativistas,  Kate Winslet (Elizabeth "Bitsy" Bloom), jornalista. Conta, ainda, com a participação de Gabriel Mann (Zack Stemmons), assistente de Elizabeth, Matt Craven (Dusty Wright), ativista e ex-condenado e de Leon Rippy (Braxton Belyeu), um advogado que parece não se importar muito com o caso.

A vida de David Gale é uma obra que não pode faltar na estante dos grandes amantes da sétima arte. Mesmo não sendo um blockbuster, o filme é envolvente e conta com uma boa dose de ação e suspense. Para os conhecedores do universo cinematográfico, uma obra de Charles Randolph, dirigida por Alan Parker, é uma ótima sugestão. Principalmente quando sugere a análise crítica sobre a polêmica da pena de morte. 

A elite é a maior consumidora de água por pessoa no Distrito Federal


Cerca de 24% da água captada pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) não chegam às torneiras do consumidor. Dos quase nove mil litros por segundo coletados pela empresa, dois mil litros por segundo, são retirados dos rios, mas não chegam ao consumidor final. O DF têm um dos mais baixos índices de desperdício do Brasil — a média nacional é de 37,4% —, mas ainda é considerado alto se comparados a países da Europa, onde o desperdício das distribuidoras fica em até 15%. Mas os desperdícios não param por aí, estudos da Agência Regu-ladora de Água e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) apontam que esse índice chegam a 70% nos domicílios.

No Distrito Federal, cidades com predominância de moradores de maior poder aquisitivo, são as que mais consomem água por pessoa. Ceilândia, com 600 mil moradores, tem um consumo de 147 litros por pessoa; Taguatinga, com 258 mil habitantes, 280 litros; e o Lago Sul, com 40 mil, consome 692 litros por pessoa. Este por sua vez consome mais que Ceilândia, Taguatinga, Planaltina e Samambaia que totalizam 1,3 milhões de pessoas e têm um consumo de 657 litros por pessoa.

Matilde Piera Mazoeiro, moradora do Lago Norte, diz que tenta economizar no consumo de água e na conscientização a família em ações como a redução do tempo de banho, colocação de água em baldes para a lavagem dos carros embora a família e os secretários não a levem muito a sério. Matilde observa ainda, que sua preocupação mais recente é com a piscina, pois o motor está 'levando a água', o que aumenta o consumo. Já Aparecida Rosa de Assis Andrade, 40 anos, residente no Gama, diz consumir cerca de 10 metros cúbicos de água por mês. Acha o valor normal, e para economizar preocupa-se com várias iniciativas como os banhos rápidos, não deixar torneiras ligadas, enquanto ensaboa as louças, e evitam lavar a calçada com a mangueira.

Diretor da Coordenadoria de Fiscalização e Constrole de Perdas da Caesb, Alberto Alencar, explica que desvios e ligações clandestinas, 'gatos', furtos são causadores do enormes desperdícios de água, no entanto, que a falta de conscientização e o uso irracional da água são os grandes filões dos desperdícios de água no DF. Ainda segundo Alberto, a Caesb vem desenvolvendo ações para coibir as práticas ilegais por meio de denúncias, fiscalizações leituras e acompanhamentos periódicos bem como realizando campanhas de conscientização popular para conter essa prática.

Mesmo localizado entre  regiões hidrográficas que abriga as cabeceiras de três importantes rios do país (Tocantins/Araguaia, Paraná e São Francisco), o DF corre o risco de sofrer com falta de água a longo prazo, justamente pela sua proximidade com as nascentes desses mananciais, que oferecem baixa disponibilidade hídrica.

Homem: ser orgânico digital


Foi-se o tempo em que recebíamos uma carta ou telegrama trazendo boas novas. Uma gravidez, um casamento ou a chegada inesperada de um parente próximo. Ficávamos absortos de alegria, emoção e sobretudo ansiosidade. Aliás, ansiosidade era a palavra chave que norteava os aclives e declives das emoções humanas. Será menino ou menina? Que roupa comprar para ir a festa? A noiva é bonita, feia, rica ou pobre? Eles chegarão de carro, ônibus e a que horas?  Essas eram algumas elucubrações, que nos deixavam ansiosos, para saber o quê, como e quando as coisas ocorreriam.

Agora, estamos no século XXI, e muita coisa mudou. Ultra-som antecipa em cinco meses o sexo do bebê. A Net, ha essa Net... Tornou tudo vapt e vupt. É MSN prá lá e prá cá. A mulher anuncia que está grávida e lá está a foto do feto em 3D no Orkut, Facebook. A familharada recebe, a cada minuto, a nova foto do casal em lua de mel, antes mesmo do casamento acontecer: 'estamos de quatro', com a lindeza da vista da Torre Eifel. Nas viagens então, nem se fale: estamos no quilômetro 300, 250, 200, 180.. Haja tantos torpedos, SMS, chats e twitters.

Tanta tecnologia transformando o homem em um verdadeiro ser orgânico digital. Hiper interativo, e muitas vezes recluso do mundo real, em frente as telinhas dos computadores, celulares, TVs, geladeiras e sabe-se lá mais o quê. Atômitos como se esperassem que alguém simplesmente chegasse perto e apertasse a tecla Send.

A indústria da beleza


Para alcançar o padrão de beleza imposto pela mídia, o mercado disponibiliza diversos recursos. Produtos cosméticos, clínicas especializadas, procedimentos cirúrgicos, salões de beleza, academias e espaços na mídia ilustram o universo criado para atender a eterna busca pela perfeição. Não importa o sexo ou a classe social, sempre há uma solução sob medida, para atender a demanda cada vez mais crescente.

Essa indústria movimenta bilhões de dólares anualmente. O Brasil, em 2009, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), teve uma receita de R$ 24,9 bilhões.  No mesmo ano, pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), apontou o  País como o segundo no ranking mundial das cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos. São mais de 1,7 mil procedimentos realizados por dia.

São investimentos elevados que ainda podem causar danos à saúde.  Alguns consumidores que tentam alcançar esse padrão, muitas vezes inatingível, pagam um preço muito alto. Fatores como reações alérgicas, rejeições, erros médicos, automedicação, abusos de exercícios físicos e má alimentação, vitimam inúmeras pessoas todo ano, causando danos permanentes à saúde, sequelas físicas e, em alguns casos, até a morte.

Outro fator importante são os traumas que podem ser adquiridos por alguns consumidores. Transtorno obsessivo compulsivo e outros distúrbios emocionais aumentam as estatísticas das vítimas dessa prática. Situação muito comum entre pessoas que vivem a eterna briga contra a balança, combatendo o ‘efeito sanfona’ ou ainda entre as que desenvolvem o quadro de anorexia, que atinge cerca de 20% dos adolescentes. 

A frustração das pessoas gera um ciclo vicioso que alimenta o mercado. Nessa busca frenética pela perfeição, as pessoas nunca estão satisfeitas. Há sempre algo a ser melhorado, modelado, evidenciado ou ocultado. E essa rotina que hoje atinge tanto as mulheres quanto os homens mantém um crescimento médio anual de 10 a 15% desse mercado e faz com que o espelho reflita principalmente o sorriso dessa indústria.